Memórias 13 Jorge Mourão

06.01.2018

Andando muito pelas ruas de Paris encontrei então um jovem cineasta Experimentalíssimo que eu sempre gostei e respeitei: Jorge Mourão! Diferente dos demais gostava de falar pois era também jornalista, escritor e defensor do meio ambiente! O que escrevo é pouco pois Mourão sempre foi muito mais que tudo. Seu LOFT na velha Lapa do Rio de Janeiro, era o que deveriam ser as salas de cinema com espaço para todos! Vivia-se nesse seu espaço o que de certo modo vivíamos em Paris: “intensidades afetivas” ilimitadas. Digamos que a legitimidade de estupidificação da ditadura a política do LOFT a confrontava com filmes, encontros, humor, seus Arquivos Impossíveis e gozos! O mal-estar que tanto serviu aos Anos de Chumbo, nunca serviu a nós no LOFT ou em Paris. Sua singularidade era não ser sério no sentido careta e gozar tudo e todos no bom sentido Oswaldiano. Em Paris flanávamos em múltiplas experiências do bom vinho tinto a outras viagens estilizadas. Queríamos desrealizar a santidade perversa que por descuido trazíamos em nós do Brasil. O que interessava era voltar a sonhar, respirar ar puro, sentir, ver filmes que estavam proibido no Brasil, namorar, devassidão, luxúria e gozar muito! Nosso “exílio” foi por opção pois na terra do sol vivia-se só a dor, a perda, a mentira e o mal-estar permanente. Ter encontrado Mourão numa das esquinas de Paris, foi uma festa. Aliás é sempre uma festa! Seus filmes em Super-8, são aulas bem sucedidas de muitas expressões de excessos de liberdade sensíveis. E eu me permito achar que quem melhor trabalhou o seu material em Super-8 foi o nosso querido amigo Clóvis Molinari num programa para a TV! Outro cineasta que deveria continuar fazendo! E que ambos sigam desobedientes, solares e tenham vida longa e criativa! Quem sabe voltando ao LOFT e publicando os Arquivos Impossíveis do Jorge Mourão? O Brasil não é o cemitério que as elites querem para o Continente. E sim o verdadeiro paraíso de Deus e o Diabo Na Terra do Sol! LUIZ ROSEMBERG FILHO.