Memórias 271 O primeiro livro sério que li e amei foi O ESTRANGEIRO

07.10.2018

Acho que o primeiro livro sério que li e amei foi O ESTRANGEIRO, depois BODAS e TIPASA e por fim O MITO DE SÍSIFO os três de Camus em edição portuguesa. Meu irmão Tito muito antes de mim já havia lido todo Monteiro Lobato e acho que alguns do Júlio Verne. Depois descobri Tchekov antes de tudo, e me apaixonei por suas peças e contos. Ainda muito jovem queria escrever como ele. No CPC via o saudoso Armando Costa o contato teórico com Brecht e Shakespeare. Deles fui para Graciliano Ramos, Nietzsche e A CARTUXA DE PARMA. De Stendhal fui para Luchino Visconti, Verdi, Goldoni, a Análise e Ingmar Bergman de MORANGOS SILVESTRES que vi mais de 50 vezes ao longo da vida. Descubro o Teatro Oficina, Oswald de Andrade e o cinema brasileiro como um todo. Do cinema fui para Rimbaud, Sade, Walter Benjamin e Godard. Tonacci me aplicou no pesado OFÍCIO DE VIVER do Pavese. Dias longos e profundos de depressão. O poeta e amigo Moacy Cirne me fez me apaixonar por DOM QUIXOTE. Descobri Orson Welles e Hollywood com seu cinema musical que eu sempre amei. Caminho com Antonioni, A ORIGEM DA TRAGÉDIA e Adorno que tento entender até hoje. Me é difícil pela minha má formação. Mas insisto! Não preciso entender tudo. Descobri as Tragédias Gregas, adaptei e quis filmar PROMETEU ACORRENTADO não conseguindo dinheiro. Bem, O JARDIM DAS ESPUMAS era uma homenagem aos que resistiam durante os Anos de Chumbo. O IMAGENS era o silêncio sendo virado ao contrário nas imagens daquele momento. O A$SUNTINA DAS AMÉRIKAS a dimensão libertária do anarquismo e o fim dos verdes anos. O CRONICA DE UM INDUSTRIAL é a entrada no bode do mundo adulto, a chegada do capital estrangeiro na indústria nacional e um flerte com MACBETH. Depois, transcendente grandeza de muitos curtas e médias até a volta delicada aos longas com erros delicados e acertos previsíveis. Entre andanças pelo tempo a descoberta da Companhia do Latão. Mais ainda a jovem atriz Helena Albergaria, uma luz viva e política das possibilidades de pensar e agir com talento uma nova resistência. Não é o OFICINA, mas é o LATÃO via Tchekov misturado com Brecht. Sergio seu companheiro é um homem de sorte pois criam juntos a arte do presente no país do LUGAR NENHUM. Caminhemos! (P/ Thais Portinho) Luiz Rosemberg Filho/RÔ

Thais Portinho