Memórias 284 Camêra fixa sobre o tripé ou a imagem respirando ?

11.10.2018

Câmera fixa sobre o tripé ou a imagem respirando? Aí começa uma longa caminhada do olhar no cinema. Em Hollywood tudo é fixo com o natural parecendo artificial. Mesmo os movimentos do tempo parecem não existir! Como nunca quis ser crítico me permito só ver o que realmente me toca e me faz pensar. Imagens preguiçosas a TV tem aos montes. Mas são imagens ou remendos? Como realizador amo o plano-sequência e a câmera na mão. Pouco importa que a imagem trema um pouco. Na verdade ela respira pois é parte da respiração do fotógrafo. Mas não descarto a importância do plano fixo como no cinema dos Straub's onde a densidade das imagens metaforizam a dramaticidade das personagens como no seu ANTÍGONA. De qualquer forma a escolha de uma determinada imagem durante o filme é uma coisa, no final com o filme pronto pode ser outra. É interessante ver essa passagem para que faz! Eu ainda não sei, mas talvez o cinema espetáculo tenha imposto uma captação histérica do olhar não-criativo das imagens. E onde o desejo e a criatividade ficam de fora para a satisfação do capital é sim traumático. Amo muito todos os fotógrafos com quem trabalhei, mas tenho uma relação mais próxima de amizade e trabalho com o Renaud Leenhardt que não só peitou O JARDIM DAS ESPUMAS, como A$SUNTINAS DAS AMÉRIKAS e mais de 50 curtas e médias que fizemos juntos! Não tenho como não elogiá-lo e seguramente não tem ainda na história do cinema uma relação tão longa e criativa. As imagens do Renaud transgridem todas as limitações do certo e do errado. E ao imprimir nossas imagens o conceito ético assegura as imagens não só segurança como autenticidade das ideias nem sempre simples ou claras como no JARDIM. Sua contribuição ao meu cinema passa sim a ser nosso. São décadas de amizade e trabalho em conjunto pensando e descobrindo imagens originais sem recurso algum! É o nosso mal-estar de criarmos num país grande por fora e pequeníssimo por dentro. Mas que explicam sim todas as nossas muitas imagens. E nada é só uma experiência, e sim um sentimento maior de politização não rasteira das ideias! (P/Renato Coelho) Luiz Rosemberg Filho/RÔ

Renato Coelho