Memórias 312 Para os primeiros filmes de ficção o roteiro me parece fundamental !

21.10.2018

Não entendo como aqui no país, muitos jovens não gostem de criar os roteiros que vão filmar! Sendo que a ficção nasce sim nele. E queiram ou não é uma grande escola do pensamento. É onde a obstinação torna-se encantamento se a ideia é boa. Eu adapto desde o ano de 2001 um pequeno conto do Machado de Assis para o cinema. Talvez nem seja o seu melhor conto, mas eu gosto. É o meu eterno rascunho onde estou sempre voltando. Não sei ao certo, mas talvez não o queira acabar! São várias forças contrárias mas continuo tentando a ferro e fogo. Tenho-o deixado de molho para que passem novas ideias mais fáceis, do ponto de vista econômico sempre, de serem feitas. Eu sempre briguei contra a falta de dinheiro. E esse Machado pode ser um curta, um média, um longa ou até mesmo um eterno exercício com a escrita. Não tenho papai produtor, nem a proteção do Estado. Os senhores burocratas então me odeiam. Com quase 70 filmes me deram nota 3! São ridículos! Gente que deve ter vindo da zona braba. Mas são os que mandam nesse estado golpista. Sempre fiz e fizemos suportando censuras, burocratas, "críticos", traíras e egóicos truculentos e burros. Mas sempre partindo de roteiros. No início roteiros de ferro com tudo sendo super explicadinho. Hoje mais brandos deixando uma margem para a procura, e até mesmo para o erro. Você vai dominando a linguagem e se torna mais fácil fazer sem tantas explicações e detalhes que muitas vezes engessam a criação viva da vida! Mas para os primeiros filmes de ficção o roteiro me parece fundamental! É só comparar "RIO 40 GRAUS", "PORTO DAS CAIXAS", "BANG BANG", "A FALECIDA"... com os primeiros longas feitos hoje! Claro que não se pode comparar, mas pode-se pensar sim! Não consigo imaginar filmes como "DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL", "VIAGEM AO FIM DO MUNDO" e mesmo "O BRAVO GUERREIRO" sem roteiro! Não existiriam como cinema! E aqui tivemos fora os velhos realizadores com talento da escrita, soberbos roteiristas como Armando Costa, Fernando Campos, Ana Carolina, Leopoldo Serran... Li alguns roteiros dessa gente e AMEI! Poderiam estar na ABL no lugar de muitos acadêmicos fajutos e enganadores. Mas estamos no Brasil Pandeiro e raramente temos um bom lá. O último que também escrevia bem foi o Nelson Pereira dos Santos. "Por que escrevo?"- perguntava Artaud: "Para me libertar, para me alcançar e alcançar a verdade sensível e mágica por todos os meios que conheço". Tá dito tudo! (P/ Clarissa Moebus Ramalho) Luiz Rosemberg Filho/RÔ.

Clarissa Moebus Ramalho