Memórias 315 Para que servem as tantas universidades ?

22.10.2018

Nunca foi fácil trabalhar profundamente os muitos caminhos da imaginação. Felizmente minha formação cinematográfica foi feita mais na leitura de livros sobre teatro que sobre cinema. E também ver o bom cinema na Cinemateca do MAM, na ABI e nos poucos cineminhas de Arte como o velho e saudoso Alvorada, Cinema 1, Riviera.... Aproveitava o tempo de formação para escrever roteiros até mesmo para não filmá-los, apenas como exercício de linguagem. Muitos eu parava no meio. Nada me foi fácil. E se faço um bom cinema é por que estudei por conta própria e por ter velhos e fortes amigos. Renaud Leenhardt, Tonacci, Nelson Dantas, Analu Prestes, Pedrinho de Moraes, Wilson Grey, Alechandre Dacosta, Mario Carneiro, Sergio Santeiro, Joel Yamaji, Renato Coutinho, Echio Reis, Cristininha Amaral...não poderia não citá-los. Curiosamente vejo hoje "jovens" formados por muitas universidades broncos e alienados! O que fizeram nas muitas universidades? Afinal, para que servem as tantas universidades? De modo algum sou contra as universidades, mas sim contra a má formação. E a culpa não é só dos estudantes, mas muito dos que ensinam de uma maneira pouco séria. Mas não séria no sentido da decoreba ou da imitação do cinema do ocupante dos corações e mentes. Mas no sentido da leitura de livros, da vida e dos muitos ensinamentos da Paixão! A paixão como a descoberta da construção de um bom roteiro! Muitos enquadramentos poéticos que podem os levar as nuvens! Entender que um bom filme se faz, fazendo-o! Não fazendo igual a A, B ou C mas radicalmente diferente de tudo e todos. Bem, como no cinema os bichos falam, vi um jumento uma vez falar: "-Eu não tenho muito saco para ler ou escrever, mas sim para fazer!" Que cinema fará esse Idiota? Pode ser levado a sério? Quando estive por uns poucos meses em NY, estive com alguns jovens que pensavam assim: " -Nada de livros e sim de imagens!" Soube pouco tempo depois já no Brasil que alguns foram para a TV, e outros tentam ainda hoje entrar em Hollywood. Os êxitos não tardam para os que querem cultuar a quantidade, o espetáculo e o atraso. Sempre guardei no coração um pensamento de Strindberg que diz: "Experimento querer bem às pessoas em geral: finjo não perceber seus erros e com uma complacência sem limites, deixo passar as infâmias, as calúnias, até que um belo dia vejo que me tornei cúmplice." E foi tudo que eu nunca quis e evitei. Pulei fora de muitas certezas e caminhos "seguríssimos"! Luiz Rosemberg Filho/RÔ