Memórias 336 O precioso documentário sobre a produtora LENTE FILMES do Noilton

29.10.2018

Em torno de alguns fotogramas a aparente confusão de uma filmagem sendo saqueada por favelados! Falo com liberdade do acesso ao que fazemos na eliminação de certezas. A investigação comporta conceitos, encontros, posicionamentos, afetos, interpretação... Tudo e todos tornam-se relevantes. No espaço aparentemente caótico, uma única possibilidade entre muitas ideias: a imagem definitiva! A escolha das expressões correspondente aos fatos históricos do cinema brasileiro. Noilton Nunes faz da LENTE FILMES de todos nós, uma doce superação do esquecimento num precioso documentário de um cinema da margem. Um documentário sobre o saber, o pensamento e a prática no cinema da necessidade pois se filmava no peito e na raça. Não no peito e na raça qualquer coisa como nos dias de hoje. O intenso no LENTE FILMES é a rica experiência de cada um. A visualização do todo nos redesperta para uma história de expressão e resistência. E isso exige sim imagens de uma história viva, vivida e pensada. Da história das nossas imagens. Da obscuridade repressora do fascismo a solaridade no REI DA VELA de Zé Celso fechando o filme/MANIFESTO! E no meio a questão do cinema como conceito de resistência. No contar estórias de cada um o cinema e o Brasil sem as muitas falsificações do sistema vigente no passado, e mesmo no presente. O círculo vicioso da podridão é sempre do poder, e não nosso! A legitimidade e fundamentação do filme reside no impulso criativo de cada um. Pouco importa que não se goste de um ou outro personagem pois o filme vai além como compreensão e presença do saber. Saber ser melhor como ser humano. Mesmo a presença negativa de 64, é superada por fortes raízes enraizadas num cinema que começa com LADRÕES DE CINEMA, passa pela casa grande em TUDO BEM e termina no Teatro OFICINA explicitando história, resistência e prazer! O precioso documentário LENTE FILMES mostra uma produtora ímpar de PENSAMENTOS vivos, substancializando o fazer cinema! Ainda não se teve outra igual. Pena. Luiz Rosemberg Filho/RÔ