Memórias 342 Idéias sobre o nosso BOBO DA CORTE

31.10.2018

"IDEIAS SOBRE O NOSSO BOBO DA CORTE": Uma atualização "cômica/contida" do passado no presente. Só na imaginação e nas imagens isso é possível como fundamento da história. Imagens que não reconhecem um tempo fixo. Pode-se sim avançar ou mesmo recuar usando o que for do tempo. O conceito de império de ontem pode sim refletir no empobrecido conceito de poder de hoje. No processo criativo pode-se usar de tudo como linguagem e crítica. É preciso pensar com seriedade no Estado e no mundo militarizado! A quem interessa isso? Não nos diz alguma coisa essa compulsão pela animalização do coletivo? E o que faz o nosso BOBO DA CORTE? Finge não viver no inferno. Se necessário finge-se de morto para que seu rei não o mande para as muitas guerras necessárias ao poder. Ganha-se muito com elas né? Energizado em sua tristeza pensa: como não fez família não quer "choro nem vela" alicerçando silêncios e esquecimentos. Quem vai se lembrar dele no palácio e na história em poucos anos passados? Alexandre Dacosta defende seu Bobo como algo necessário ao seu crescimento como ator e ser humano. Fala e fala muito como ideólogo dos muitos arranjos palacianos. O rei está nos seus aposentos enquanto o Bobo na crítica do seu tempo se deixa levar por uma constelação infinita de palavras. Navega noite a dentro entre as estrelas na sua chegada na velhice e no medo da aproximação do não-tempo. Medo de perder o emprego no palácio dos muitos Eus e deuses do mal. Está só dentro da noite sem conseguir sonhar e por isso fala muito. Sabe também que isolado dormindo nos pés do trono não tem força alguma. É só um velho Bobo que pensa no seu fracasso como ser humano. Seu crime e seu castigo foi ter medo de ousar não ser o que é. E sem uma só utopia ou sonho segue na insatisfação, talvez como a única satisfação possível. É a imagem de um Brasil cansado, exausto, ofendido e humilhado. Ora, como ser difercomo a única sente com tantos traidores? Como ser humano frente às tantas desumanidades do poder? Estamos nos tornando seres sem histórias próprias. Vamos ser apenas doenças, angústias, depressões, ansiedades, frustrações e medos. Vamos ser parte de um grande engano: do minto e desminto oscilando no certo e no errado desarmonizando ventos e desvarios poéticos. A orquestra por fim é afinada para a representação de um grande ator: ALEXANDRE DACOSTA! Luiz Rosemberg Filho/RÔ