Memórias 51 Minhas colagens
Olho sem desejo algum as imagens fotográficas vendidas pela Mídia. Em geral ideológicas e grosseiras, estão sempre hasteando a bandeira da prostituição. Políticos, putas, religiosos, peruas, canastrões… Tudo pode ser imagem! O importante é desinteressar o olhar do Outro da história! Alimentar tristezas e frustrações. Somos todos enfermos do hospício dos sistemas existentes. Serenidade para quê? Serenidade faz pensar e não interessa. Talvez Strindberg estivesse certo quando afirmou: “A terra é uma colônia penal onde temos de pagar pelos crimes cometidos em existência anteriores.” Bem, dentro da minha desordem o Cavi me colocou uma questão que me fez pensar: a ausência das Colagens nas minhas memórias. Mas o que falar sobre elas? Bem, são intuições e acasos sobre o mundo das imagens! Não sou um artista plástico, mas sim um cineasta pensando o longínquo uso político das imagens vendidas como “neutras”. Ou seja, uso-as no sentido de querer resignificá-las como experiência visual. Antes serviam para ilustrar os muitos textos que eu e o Sindoval Aguiar escrevíamos para o jornal eletrônico chamado VIA POLÍTICA de Porto Alegre. Como os textos sempre foram muito pensados, eu o ilustrava como uma espécie de oxigênio para os olhos. Tempos depois como uma “técnica de alianças” com o cinema. Contrapor a falta de recursos com as imagens pensadas e cortadas. Uma anti-mecanização na construção de um outro tipo mais vivo do cinema!Ora, se a religião dos ricos engana com um uso linear das imagens, eu a corto e a fragmento como resistência e pensamento. São sim, iluminações visionárias! Posso cortar a cabeça de um político, e colocar no seu lugar a fuça de um porco na lama!Mas, alguma diferença? Reinvento a imagem prostituta, num ato político de sonho, erotismo e liberdade. E talvez maturidade seja isso: ir em frente com a história, as imagens e o pensamento. As Colagens deixaram de ser uma mera ilustração, para se tornarem um história do pensamento e do olhar. (P/Melissa Vaz) Luiz Rosemberg Filho/Rô