Memórias 52 Muitos queridos amigos me dizem que meus filmes são chatos pois eu falo muito........

28.01.2018

Muitos queridos amigos me dizem que meus filmes são chatos pois eu falo muito, e o cinema é a arte da imagem. Entendo-os tranquilamente e não capítulo! Gosto da palavra quando é bem colocada, pensada e amada. Tendo tudo isso ela me é excitante, orgástica e poética. Fico feliz em vê-las potentes em filmes nossos como “O Desafio”, “Os Inconfidentes”, “Terra Em Transe”, “Vida Provisória” e mesmo no nosso poético “Cronica de um Industrial”. Todos eles feitos em tempos sombrios. Mas vão ficar! Já fazem parte da história. Gostem ou não gostem! E qualitativamente o que mais me toca é a significação poéticas das palavras. A ponte existente entre o cinema e o teatro passando pela literatura e a poesia. A palavra como carne viva no desprazer do país. À dessexualização permanente da TV, o nosso cinema responde com humor e amor verdadeiro. E digamos que a palavra passa sim uma sensação de plenitude como essência, temporalidade e experiências. E era o que mais agradava a Renato Coutinho na “Cronica de um Industrial”, encontrar em si, uma instrumentalização poética de dizer as palavras, transformando-as em música para os olhos. E quando conseguia ficava uma criança bem humorada. Me disse muitas vezes que gostaria de tê-las escrito. E eu lhe dizia que ele as recriava a seu modo. Que volte a se pensar na ficção, a infinita beleza das palavras pensadas! (Para Cristina Amaral) Luiz Rosemberg Filho/RÔ