Memórias 52 Muitos queridos amigos me dizem que meus filmes são chatos pois eu falo muito........
Muitos queridos amigos me dizem que meus filmes são chatos pois eu falo muito, e o cinema é a arte da imagem. Entendo-os tranquilamente e não capítulo! Gosto da palavra quando é bem colocada, pensada e amada. Tendo tudo isso ela me é excitante, orgástica e poética. Fico feliz em vê-las potentes em filmes nossos como “O Desafio”, “Os Inconfidentes”, “Terra Em Transe”, “Vida Provisória” e mesmo no nosso poético “Cronica de um Industrial”. Todos eles feitos em tempos sombrios. Mas vão ficar! Já fazem parte da história. Gostem ou não gostem! E qualitativamente o que mais me toca é a significação poéticas das palavras. A ponte existente entre o cinema e o teatro passando pela literatura e a poesia. A palavra como carne viva no desprazer do país. À dessexualização permanente da TV, o nosso cinema responde com humor e amor verdadeiro. E digamos que a palavra passa sim uma sensação de plenitude como essência, temporalidade e experiências. E era o que mais agradava a Renato Coutinho na “Cronica de um Industrial”, encontrar em si, uma instrumentalização poética de dizer as palavras, transformando-as em música para os olhos. E quando conseguia ficava uma criança bem humorada. Me disse muitas vezes que gostaria de tê-las escrito. E eu lhe dizia que ele as recriava a seu modo. Que volte a se pensar na ficção, a infinita beleza das palavras pensadas! (Para Cristina Amaral) Luiz Rosemberg Filho/RÔ