Memórias 23 O cinema virou um instrumento de um capitalismo feroz

10.01.2018

Infelizmente o cinema virou sim, um instrumento de um capitalismo feroz! No seu processo de encantamento fácil, rejeita tudo o que for humano: palavras, pensamentos, encontros e afetos. A técnica cara faz parte de suas inovações. E com isso tudo cai muito rapidamente no esquecimento. A pouca importância de tudo e todos é o que domina. Mas…tal neutralização do pensamento interessa sim ao chamado progresso tendo como referência nociva o cinema de Hollywood. Estabelece-se uma falsa continuidade e logo tudo cai no esquecimento imediato com o passado perdendo a sua verdadeira história! Ora, quem se lembra hoje de Glauce Rocha, Jaime Rodrigues, Dr. Fregolente, Luthero Luiz e tantos outros? A mídia desloca o saber ou importância para novos críticos, técnicos ou vedetinhas vindos da TV! Bem, diante desse quadro dantesco fiz poucas amizades no cinema. Ou talvez os amigos não tenham conseguido a importância escrota de puta que a TV e a mídia exigem né? Mas, tal rejeição alimenta teóricos e historiadores. Vão escrever ensaios, teses e livros pois a turma já se foi. A morte vai encerrando todos os capítulos da existência humana. E o ético vai dando lugar ao sucesso do não-talento. E aí a lista é vasta pois abastece-se do circo/espetáculo de segunda mão onde o ser/mercadoria só precisa ser gato ou gata! E o talento? É um empreendimento já descartado pela indústria de entretenimento. Isabel Ribeiro, Dib Lufti, Nelson Dantas, Wilson Grey, Felipe Falcão, Zé Lino, Paulo Perdigão, Zequinha Mauro… tento redescobrir no esquecimento pessoas que me foram caras e necessárias na dor do crescimento na passagem do tempo. Os historiadores podem esperar. Eu não. Queria tê-los todos conhecidos, mais ao meu lado. Foi um privilégio ter conhecido alguns nesse nosso voluntarismo injusto por um cinema independente, verdadeiramente nosso. Mas em regimes de opressão como se pode esperar uma história do humano? (Para meu amigo Joel Yamaji) Luiz Rosemberg Filho/Rô