Memórias 26 Linguagem experimental
A palavra do roteiro à imagem é um processo muito subjetivo na ficção poética. Ela logo identifica a personagem, mas também estiliza tempos, movimentos, espaços e linguagens. Para mim como realizador, o novo sentido da palavra, é aquela que de certo modo desrealiza a ficção fazendo com que os espectadores pensem. E que no desmoronamento de suas certezas, vivam a ascensão de muitos caminhos e contradições. E o chamado real uma vez desfigurado de sonoridade a dúvidas e utopias. Ousaria dizer que a palavra na linguagem experimental, esvazia sim o conceito de conforto, passando-a ao confronto! E o que isso quer dizer? Na verdade, um não assujeitamento as poucas significações do fácil. É preciso sim acreditar na invenção! E como bem diz Artaud: “Toda verdadeira linguagem é incompreensível”. Ora, como interpretar esse mundo que se destrói com Temer, e nos destrói a todos de ainda sermos humanos? Como escolher certo entre as infindáveis baboseiras do prefeitinho Crivella e as experiências interiores das lacunas defendidas pelo cinema da Petra Costa ou do João Moreira Salles, por exemplo? Eu sempre ficarei com as palavras e as imagens do cinema pensado da Petra e do João! Tenho nojo do baixo uso da religião no nosso tempo de Temer/Cunha e associados! E reparem que toda brutalidade do nosso tempo é assujeitada ao nome de deus! É deus quem quer essa sensação de merda que vive a humanidade? Mas não é pobre o discurso maroto desse velho poder? Luiz Rosemberg Filho/RÔ