Memórias 38 Toda mulher me passa sim um "sentimento de plenitude"

19.01.2018

Toda mulher me passa sim "um sentimento de plenitude". No cinema seja interpretando uma Lady Macbeth, seja sendo duas prostitutas como em "Os Príncipes". Bem, julgá-las pela rica imoralidade na representação das duas devassas desavergonhadas é antes de tudo censura pois Patricia Nidermeier e Ana Abbott se saem com maestria. E depois é sim fascismo! Antes foram uma bela representação da resistência do saber na nossa visão da "Guerra do Paraguay". E ainda antes da guerra, a doce embriaguez de duas noivas com um casamento que não acontece. Digamos então que depois do novo Golpe de Estado, reinterpretam o esgotamento físico da beleza como mercadoria. E isso não passou a existir? Talvez não, só no universo cego dos moralistas IDIOTAS! O fascismo prostitui sim o embelezamento da vida. Daí as Leis, o poder, o desemprego, a volta da fome, o medo e a prostituição. Vou mais longe, nunca curti o ser/mulher como mercadoria das pornochanchadas. Minhas experiências com elas/mulheres, foram sempre espessas revoluções sob diferentes ângulos. Curiosamente casei com uma Ana, e trabalhei com três porta-vozes do talento e da beleza: Analu Prestes, Ana Miranda e Ana Abbott. Mais que boas atrizes, fortes substâncias de autenticidade, raras nos tempos que vivemos. E cada uma lutando por uma história de constelações humanas, poéticas e solares. Algo equivalente a uma real Democracia do encontro, do afeto e do gozo como teoria do conhecimento. A figura do ser atriz aparece como uma formulação de resistências! Sempre me foram fundamentais para as colagens, para o cinema e para a vida! Como casei muitas vezes, devo ter cometido erros pela má formação afetiva de todos nós. Mas quando as vejo criar num filme nosso, sou conduzido sim pela poesia da beleza e do entendimento. Acho-as como pensamentos e movimentos, muito além do dizível. São histórias, conhecimento, lutas e felizmente nenhuma bela, recatada e do lar. Em essência são ícones de linguagem e resistência. E vendo-as dialogando com seus personagens são sim uma síntese feliz de acesso ao mundo do encontro e do prazer. Longos anos de criatividade para todas! (Para Luciana Fróes). Luiz Rosemberg Filho/Rô