Memórias 40 O erotismo

21.01.2018

Gostaria de abordar o tema do erotismo não como negócio, mas como poesia repousada na criatividade do desejo! Isso deve ser pensado de início em imagens vindas das artes plásticas. Depois da música, da palavra e da vida. Seu grande mérito é ser livre de tensões políticas. E mais, reconheço o Erotismo como obra de arte que faz da contemplação uma terna representação da beleza. Um jogo entre o indefinido e a sua representação conceitual na vida. Constrói sim experiências, imagens, objetos e sonhos proibidos. Historicizar o Erotismo é sim romper com pobre tradição religiosa, e com muitos conceitos alienantes da moral/imoral dominante. Importa sim a linguagem e suas contribuições na construção do belo. Bem, sempre fui criticado e amado por filmar com maestria poética o corpo humano. Não percebem os detratores que da minha parte é sim uma uma ultrapassagem de dores e perdas da minha própria existência. Poderia ter acentuado os horrores vividos, mas optei pela luz inspirada na obra poética de Rodin: o corpo como parte da riqueza da obra-de-arte! Então tenho a música no corpo de Echio Reis no "Jardim das Espumas", a harmonia poética no "Imagens", o corpo comum no "A$suntina das Amérikas". O corpo sagrado em "Dois Casamento$". O corpo falante em "Gozo/Gozar". O corpo doído na "Guerra do Paraguay". E o corpo intensificado em "Os Príncipes" . Claro que o crítico pouco inspirado não verá ou entenderá nada. Apenas passará batido com suas muitas certezas e nenhuma dúvida ou pureza. A mortificação do seu espaço é só mais um negócio afirmativo sem nenhuma contradição.Ou seja, tenho pelo Erotismo um profundo respeito. Como nunca fui, nem nunca serei religioso de carteirinha, faço do Erotismo vivências profundas dos encontros vividos e da felicidade tão difícil de se viver nos dias de hoje. Não me importa não ser querido e gostado pelo cinema oficial. Me importa sim saber filmar um belo corpo nu, como sendo uma obra de arte! O despertar histórico pelos encontros ousados e proibidos. Ter filmado com poesia e beleza mulheres e homens fortes, o ser humano assume sim todo seu esplendor com a beleza assumindo todas as contradições da criação! O belo como essência de um simples olhar sobre as infinitas possibilidades da paixão! No meu caso a paixão pelo Erotismo e pelos atores. O corpo atravessando poeticamente os muitos momentos da história da humanidade.Uma ruptura sim com o "conto de fadas" da religião e da moral/imoral da porca classe dominante que pouco ou nada sabe sobre a riqueza infinita do processo de criação. Criar e viver o Erotismo, é assumir sim o corpo como obra de arte. E que se entenda de uma vez por todas que o conceito de obscenidades está nas cabeças, e não no corpo. O corpo/poético do Erotismo é sim a legitimidade histórica do encontro e do prazer. Digamos que para concluir que o Erotismo com opressão vira pornochanchada! Reivindico um Erotismo criativo, ousado e libertário! (P/ Renaud Leenhardt) Luiz Rosemberg Filho/Rô