Memórias 47 A produção de imagens

24.01.2018

Pensar, olhar e filmar são etapas diferentes de uma filmagem. O pensamento e o olhar são livres num desdobramento de infinitas possibilidades. Já filmar ainda que criação de verdades, é densa toda e qualquer abordagem. Afinal, é uma escolha das imagens que saem da intimidade do pensamento para se firmar concretamente como linguagem. Nunca achei fácil se pensar e fazer uma imagem. Hoje, a produção das imagens em digital banalizou a velha inquietação poética e profunda na criação de subjetividades como no cinema de Antonioni ou Tarkowski. Identificada com o capital, a imagem virou um produto sem pensamento, sem olhar e banal. Talvez satisfaça o mercado, mas não a criação de pensamentos. Sei que é preciso pagar contas e comer! Mas é necessário se utilizar da banalização do mercado? É interessante procurar uma certa interioridade com o olhar e o saber dos espectadores. Torná-los mais humanos! Sob esse caminho o espectador dá sim, consistência a uma troca com o pensamento/imagem do criador que substitui deus, pois é real. Completamente diferente do olhar divino que esconde o homem, e inventa uma imagem de deus! Mas, mais como um bom negócio para poucos. Rudolf Arnhein dizia que a “arte começa onde desaparece a reprodução mecânica”. E não é isso o que a religião fez e faz com suas muitas imagens? Digamos que o cinema ilusionista tem sim o seu espaço, só que mentindo! Fatura com a desinformação vendendo lixo como produto de qualidade. Enfim, é preciso que o espectador possa ter mais opções para que possa ser melhor como ser humano, e se superar ao infinito das suas muitas possibilidades. É o desafio hoje dos que ainda pensam e fazem cinema, num país emburrecido a pauladas pelo poder! (P/Martha Ferraris) Luiz Rosemberg Filho/Rô