Memórias 59 O cinema comercial não poderia ser também criativo ?
Sempre soube que o cinema era um processo de criação caro. Mas por ser caro precisa ser burro? Precisa só ser um investimento no mal-estar do coletivo? Acaso o mal-estar traz alguma satisfação fora o dinheiro? Sempre pensei muito no nosso limitado conceito de cinema comercial! No passado o comércio vulgar das pornochanchadas. Hoje o narcisismo das peruas e canastrões da TV, no cinema! Mas, alguma diferença das pornochanchadas do passado recente? E curiosamente uma das coisas mais temidas do nosso cinema dito comercial, é sim a criação de intensidades do chamado cinema de invenção. Intensidades de afetos, intensidades humanas, intensidades de criatividade, intensidades de encontros e de gozos infinitos. Agora, com o pesado investimento que tem o cinema comercial poderiam perfeitamente mergulhar fundo num processo infinitamente mais rico e criativo, onde a necessidade da “nota”, não estivesse tão próxima da vulgarização e prostituição de atores e técnicos. Essa histeria do sucesso de qualquer modo, tem nos levado a quê? E olhar as imagens é só um ponto. E o tempo do espectador, é lixo? Sim, a cabeça e o corpo pensam! E a inutilidade do que se vê envenena o tempo e a alma. Ele não poderia estar lendo ou amando, e não vendo obscenidades imobilizadoras pelo seu encontro com a burrice? Mas, o cinema comercial não poderia ser também criativo? Buñuel, Losey, Kubrick, Nelson Pereira dos Santos…nos ensinaram que sim. Bem, tentemos ir um pouco além da fascinação só pelo dinheiro! Sejam menos caretas e ousem viver um pouco do prazer de experimentar mesmo dentro do sistema, como fazia com maestria Orson Welles (foto acima). Nunca filmou uma “Mulher Maravilha” ou “Batman”, e está definitivamente no coração da história do cinema, e de todos nós! (P/Nelson Pereira dos Santos) Luiz Rosemberg Filho/Rô