Memórias 67 GUERRA DO PARAGUAY
Posso não querer. Posso desejar. Posso destruir. Posso não ser. Posso sonhar. Posso fazer o mal. Posso vagar. Posso tudo! Mas pode mesmo? Não existe um conceito fechado de consciência e representação nesse nosso olhar crítico sobre “OS PRÍNCIPES”. Tudo depende de uma real desaprendizagem da moral e da ordem. Portanto é preciso saber trabalhar o mal-estar do atual momento do país, sem cair na técnica do constrangimento domesticado, muito comum na TV onde tudo e todos são iguais. Nossa técnica de interpretação nesse filme furioso foi o de confrontar sim as tantas impurezas da moralidade numa investigação de superação dos nossos próprios anjos e demônios. Fizemos da cotidianidade da narrativa, associações com a perversão oculta nos sistemas do espetáculo. Tem sido linda a repetição de trabalhar seguidamente com os mesmos atores. Ainda ontem Patricia Nidermeier e Ana Abbott. Hoje mais Alexandre Dacosta e Igor Cotrim. E é preciso considerar que são ao mesmo tempo diferentes e próximos. Jogam-se todos em textos e movimentos nem sempre muito fáceis. Vagam seguros numa procura dialética de seus personagens. E a singularidade de todos é a disposição para o que der e vier, seja lá como for. Digamos que é um renascer de suas próprias cinzas. No que acaba um personagem de um trabalho anterior, logo aparece um outro a ser construído e representado. Talvez “OS PRÍNCIPES” seja o meu trabalho mais difícil. Mas, sobrevivemos! Produzimos história, ódios e poesia! Partimos da realidade, mas nem sempre o visível é o referencial. Existem forças contraditórias e obscuras latentes para os atores. Só uma personagem tem nome simbólico e chama-se Alma! E todos vagam da crueldade para o horror! Foi-se o tempo dos contos de fada. Anjos com asas só tatuados! Daí esta porca civilização do horror em que vivemos! Substituímos os diálogos significativos da “GUERRA DO PARAGUAY” pela fantasmagoria presente no nosso atual Estado de Exceção. E não é de admirar a potente força pulsional de cada ator trabalhando criticamente seus personagens sem expressão humana alguma. Não existem empatias! Ainda assim trazem luz aos sintomas psíquicos das nossas tantas monstruosidades da política ao cinema. Valeu meninos! (P/ Jaqueline Roversi por suas Asas tatuadas) Luiz Rosemberg Filho/Ro