Memórias 68 O cinemão fazia INDEPENDÊNCIA OU MORTE e nós O JARDIM DAS ESPUMAS

08.02.2018

Não tenho mais tempo para ver tudo, e nem quero. Mesmo por que o cinema se tornou pobre e superficial. Na verdade um brinquedinho digital para jovens e velhos. Brincam seja lá onde estiverem. E as grandes telas ficam para o cinema estrangeiro ou televisivo. Bem, reproduzir fascismos sempre foi mais fácil que pensar ou mesmo criar. Por alguns anos na entrada da maturidade acreditei na esperança que acabou no Golpe de 64. Ainda assim fiz muito e fizemos! Minha geração não foi absorvida pela burocracia, nem anos depois pela TV Globo a pior de todas. Não que as outras sejam melhores, mas a Globo vive de emburrecer o país e de Golpes de Estado! As muitas diferenças de postura são claras. O cinemão fazia INDEPENDÊNCIA OU MORTE, e nós O JARDIM DAS ESPUMAS. Um passou, e o outro bem menos. Pena. Passou na censura que não o entendeu, e foi barrado pela censura do exibidor. Acharam um filme sujo, inquietante e sem êxtase! E era só o que tinha como história da nossa resistência aos anos de fascismo. Pensar nunca foi uma substância desejada do poder! Preferem proibir, perseguir e matar se necessário for. Mas existe algo mais baixo e sujo que o poder? Digamos que é uma encenação de bufões que se acham todos o 007 no seu compromisso com a “nota”. Malas de dinheiro nos ap’s da corrupção! Isso ontem escondido, hoje escancarado! Hoje o cansaço impera na minha geração. Foram muitos anos de lutas e desencantos com o país e o cinema. Envelhece-se né? Mas, que as novas gerações possam ter forças para lutar e resistir! O cinema pode e deve ser melhor que o seu baixo uso da pobreza e mesmo da TV! Que se trabalhe mais o pensamento, e menos o capital pelo capital! De merda já estamos muito bem servidos né? Pelas que vem de fora e as nossas próprias no cinema de mercado né? E se não der para fazer nada, que se faça do estudo, da paixão e do gozar o foco possível de uma resistência às tantas violências que querem nos impor da política a própria vida. A luta continua! LUIZ ROSEMBERG FILHO/RÔ