Memórias 69 É o dinheiro/fascismo que produz armas, guerras, prostituição, religião, filmes.........

Me lembro que uma vez disse a Glauber em Roma que não conseguia entender o que levava A, B, C a fazerem filmes burros e comerciais! Pensei que ele responderia o dinheiro, mas respondeu sorrindo: fascismos! E seguiu falando: ” – Mas existe muita semelhança do dinheiro com o fascismo. É o dinheiro/fascismo que produz armas, guerras, prostituição, religião, filmes, luxo, alienação e um exército de Zés Ninguém!”. Fui obrigado a concordar e a pensar depois só com meus botões. Nos anos de INC convivia com todos de algum modo, e só não conseguia gostar como cineasta que se vendia como sério do Walter Hugo Khouri. O achava um péssimo plagiador primeiro do Bergman e depois do Antonioni, sem o talento e a profundidade dos dois mestres. Um dia fui à casa dele em São Paulo sem a menor vontade levado pelo Biáfora. Ele queria que eu o escutasse falar sobre cinema e filosofia. Fiquei pouco tempo e caí fora! Não consegui um mínimo de interesse ou atenção. Nunca consegui gostar. Voltando ao dinheiro, a mesquinhez e a estreiteza do cinema comercial no Brasil, lembra muito a nossa classe política: medíocre e pornográfica! Seres obscenos com o sonho de se tornarem ricos e famosos. Insignificantes mas içados a posição de poder. O poder da validade da estreiteza cultural! E poderia ser diferente? Mas insisto, por que nossos filmes comerciais precisam ser baixos, grossos e ruins? Devem ter vivido namoros e paixões em suas vidas né? E onde ficou a delicadeza dos afetos vividos um dia? O cinema não poderia passar um pouco por aí? Luiz Rosemberg Filho/Rô