Memórias 73 "Sem política não se come nem um pão com manteiga" como afirma Ana Terra.
Concordo que conseguiram transformar a política numa lata de lixo ou numa privada entupida de uma estação rodoviária. Como queiram! “Mas sem política não se come nem um pão com manteiga” como afirma Ana Terra, no documentário generoso que fizemos sobre ela. Então temos sim, que saber lidar com a política. Conhecer a sua história, seus caminhos e suas muitas baixarias da mídia ao dinheiro sujo, passando pelos bancos e religiões. Examinando-a sem partidarismo ela pode ser também extraordinária pois dá consciência a população, abrindo um campo infinito ao entendimento do humano lado da vida. Falava muito sobre isso nas muitas longas conversas que tive na vida com o saudoso Tonacci. Ele elegantemente se expressava com silêncios, observações precisas e pontuações muito suas. Bem, queríamos um mundo e um país melhor que até hoje não aconteceu. Tudo só piora! Tonacci lavou as mãos dessa porca civilização urbana, e foi pensar e trabalhar com os índios. O índio como primeiro degrau da formação do nosso povo. Não foi usar ou cafetinar os índios para se dar bem no mercado externo, e mesmo interno. Foi sempre uma preocupação Continental muito sua. Éramos próximos e diferentes. Por exemplo: eu briguei e rompi com algumas pessoas que lhe apresentei, e ele ficava confuso pois se tornara próximo delas. Dizia-lhe que eu só brigava com alpinistas, traíras e picaretas! Ríamos em seguida. Morando fora, mandei-lhe muitos ótimos livros, mas não só para ele. Um dia Glauber em Paris me perguntou por que eu fazia isso de mandar tantos livros para os amigos? Disse-lhe que era um privilégio meu poder estar fora, e que eu queria dividir meu crescimento interno com todos que estavam no Brasil, impossibilitados de ler, pensar e fazer. No início tinha implicância com meus amigos, mas foi pouco relaxando. Viu que não éramos os monstros pintados pelos críticos, exibidores e censores. Aliás os mais furiosos eram todos! Pena. Voltando a Tonacci e à política, li em sua casa seu projeto “CORAÇÃO DE PEDRA”. Era um roteiro policial com os índios como personagens principais. Quando acabei de ler o sinopão disse-lhe que era a fusão do “BANG-BANG” com “SERRAS”. Riu. Claro que seria também um filme político. O seu “BLABLABLÁ” é um média genial sobre um Golpe de Estado, muito comum no Continente. Virou um clássico né? Sem política os Zés Ninguém vão continuar mamando e mamando como agora, uma vez mais! Pena. (P/Priscyla Bettin) Luiz Rosemberg Filho/RÔ.