Memórias 76 Temos um cinema cansado invadido pelo pobre conceito do espetáulo pelo espetáculo

15.02.2018

Não gosto muito na ficção de filmes sobre o mundo do cinema. Tirando “O DESPREZO” (foto acima), “8 1/2”, “PAIXÃO” e “O HOMEM DE MÁRMORE” o cinema partindo de si mesmo fica pobre, comum, frágil ou rasteiro. Sua autovalorização por pessoas sem preparo o conduz a uma produção do nada. Mas um nada que bem serve ao poder. Mas não será nunca poesia e menos ainda história. Eis pois o que foi esquecido ao se optar a fazer o cinema pelo cinema sem um olhar investigativo. A originalidade poética desaparece, e num reducionismo de ideias o projeto acaba sendo a vitória do capital pelo capital! Digamos que a tacanhez e estreiteza do pensamento no país, faz o cinema ser reconhecido como um novo brinquedinho digital para todas as idades! Ora, se antes era importante pensar e ter o que dizer, hoje não precisa saber nada e serve qualquer tipo de imagem ou enquadramento. E sem se dar conta, o novo cineasta que pensa que cria quando na verdade só reproduz a ideologia dominante atando-os apenas ao capital pois tudo custa muito caro no mundo do cinema. Enfim, temos um cinema cansado invadido pelo pobre conceito do espetáculo pelo espetáculo. Por outro lado acho bom que o cinema não seja mais uma arte da elite branca. Que possa ser uma manifestação viva de todos os segmentos da sociedade. Das favelas que precisam deixar de ser favelas e ser transformadas em bairros, as fábricas, sindicatos, campo e universidades. O cinema como respiração da história e da música. Música para os olhos como expressão da respiração ofegante pós gozo. Portanto aprofundar contradições! Isso suscitará sim um novo saber. No nosso novo trabalho ‘OS PRÍNCIPES’ debruço-me sobre o silêncio no baixo uso do esquecimento. Já se esqueceu dos Campos da Morte de Hitler, do mesmo modo que as muitas aberrações do Golpe de 64! Tudo volta a se repetir como continuação de um fascismo predatório, só que trabalhado como um novo espetáculo. Pobre não? Que se expurgue de uma vez por todas a eterna fantasmagoria do nosso fascismo enrustido que até pode interessar ao poder. E não e nunca a POESIA! (P/todos da equipe de “OS PRÍNCIPES”). Luiz Rosemberg Filho/Rô