Memórias 188 Me faltou formação para ser um bom pensador militante de vanguarda.

26.08.2018

Me faltou formação para ser um bom pensador militante de vanguarda. Fui descobrir tudo muito tarde e o tempo não perdoa. Passa, marca e acaba sempre antes das muitas descobertas da vida. Foi ainda ontem meus encontros e conversas com a Glauce Rocha, com Mário Carneiro, Ricardo Miranda, Tonacci, Nelson Pereira... Lamento pela perda e pela pobreza humana e intelectual que deixaram em aberto, tendo todos lutado contra. A morte cortou o diálogo lucidamente vivo, bem humorado e desenvolvido com sonhos num tempo pobre como o nosso. Como se pode ir para frente perdendo tais preciosidade num país tão atrasado? A dura história do saber vem sendo esvaziada impiedosamente com o abaixamento do nível cultural e elevação do conformismo neocapitalista, impondo o inautêntico como a única expressão possível a ser adotada. Ininterrupto oferecendo docinhos, "amizades" e guaranás. O fascismo trabalha sem parar no fenômeno do real aburguesamento do ser e do saber! E odeiam serem descobertos em suas tantas armações, traições e picaretagens. Estão por acaso no cinema, mas poderiam estar em qualquer outro ofício. Como não pensam, nem são sérios tudo pode ser deletado. E é nessa pocilga que o cinema brasileiro pensado tenta sobreviver entre burocratas, traíras, censores e moleques sem conhecimento algum da luta que vem de longe, e nem começou ontem. Bem, excessivamente limitados usam a criação para se sentirem gente séria. Mas nunca respeitando o esforço não palpável do trabalho de criação. Pois criar está longe da quantidade, do pequeno, da avareza e da ambição de brilhar isoladamente. Se cheguei onde estou devo a Echio Reis, Sindoval Aguiar, Renaud Leenhardt, Analu Prestes, Nelson Dantas, Antonio Luis, Renato Coutinho, Wilson Grey, Ana Miranda, Luthero Luiz, Pedro de Moraes, Joel Yamaji, Lupercio Bogea, Arthur Frazão, Sergio Santeiro, Alexandre Dacosta, Alisson Prodlik, Marcia Pitanga, Mara Ache, Sergio Santeiro, Chico Dias, Itala Nandi, Jose Carlos Asbeg, Orã Figueiredo, Renato Coelho, Priscyla Bettin, Otávio III, Zé Celso, Caio Lazaneo e a solar Ana Abbott. A essas cores fortes devo o meu não desacreditar no ser humano e no cinema. Com todos vivendo a intensidade do triunfo do amor, da felicidade e da beleza. Vida longa para os que permanecem vivos! (P/ MARCITO do som) Luiz Rosemberg filho/Rô

MARCITO do som