Memórias 191 A importância de uma vida ousada, criativa e profunda

02.09.2018

Uma das coisas que nunca suportei no cinema foram os hipócritas, traíras, burros, egoicos… que são uma espécie de animais que faturam com a pobreza e exploração do outro. Se vendem como santos e são porcos que nem justificar suas existências sabem. São sim discípulos íntimos da bandalha política; mas também não sabem o que é isso. Desvalorizados como seres pensantes odeiam as “sabedorias do mundo”. Falo de uma maneira geral e não particular! Eu não falo o nome de ninguém! Quem vestir a carapuça, que faça bom proveito. Mas não reduzo o cinema a esse universo de soberbos ingênuos! Estou sempre ultrapassando-os! Pena estar velho! Nesse ponto nem a saúde ajuda. E não se é jovem eternamente. Foi sim um defeito na construção do humano pois a grosso modo a proximidade da finitude suscita as dores chatas da idade. Também dizem que o amor é mais forte que a morte. Retórica barata! Uma vez morto, acabou.Não volta mesmo! O degenerado e o religioso vão para o mesmo buraco fundo. Só se vai ouvir Bach ou Mozart vivo! O “desconstrucionismo” que eu tanto amo só se pode fazer em vida. Vai ler Brecht ou Tchekov depois de morto? Não. É puro cinismo acreditar na vida depois de morto. Daí a importância de uma vida ousada, criativa e profunda. Estou cansado de ver filmes que se repetem no interesse de logo passarem na TV aberta. E o que é a TV? Como disse o querido Gilberto Vasconcello, Giba para os ,mais íntimos: “A TV é a cocaína dos pobres”. Melhor definição impossível. Ignoro a televisão desde 2001 em homenagem ao filme. Tenho mais o que pensar e fazer. Talvez seja uma das dimensões da criação e da poesia. Os muito filmes que fiz são viagens sombrias a política e ao saber. Que os sanguessugas do capital que criticam a minha utopia, indico-lhes o manicômio ou cemitério pois sigo sonhando, pensando e fazendo cúmplice do proibido, da contramão e da ousadia. Tenho sim uma obra crítica de embelezamento da vida, do pensamento, do saber e das mulheres. Foram elas que me ensinaram a ser um ser humano melhor! Ainda bem né? (P/Igor Cotrim, pelo prêmio de Melhor Ator no Festival de PE)) Luiz Rosemberg Filho/Rô

Igor Cotrim