Memórias 231 Prefiro desafinar

24.09.2018

Os velhos amigos são sim marcas de vidas/vividas. O outro é também você como significado. Godard faz sua personagem gritar NEW YORK HERALD TRIBUNE pelas ruas de Paris num preto e branco de Coutard. Não se deixem apequenar pelos sonhos do mercado! O cinema é sim uma Carta de Amor aos que não traem! Na curva da memória O VENTO DO LESTE. Nunca pensei na eternidade nas ÚLTIMAS IMAGENS DE TEBAS. Nessa vida tudo passa muito rápido. Ontem os verdes anos, hoje as portas do fim. Vago na memória do tempo buscando a sintaxe da experimentação. Estou sempre renascendo e morrendo em cada filme que faço. Em cada encontro amoroso. Em cada fresta de luz. Luz era a nossa produtora que o sabujo collorido apagou. Da grandeza a pequenez o homem se torna político. E eis que todos se parecem no show/money dos partidos. Bênção a religião que tudo justifica. Prefiro desafinar! Como dizia o filósofo Nelson Cavaquinho: "Se eu for pensar muito na vida/ morro cedo, amor./ Meu peito é forte/ nele tenho acumulado tanta dor./ As rugas fizeram/ residência no meu rosto/ não choro pra ninguém/ me ver sofrer de desgosto." Pois é, fazer cinema é só isso, repetindo:desgosto! Mas temos a Xuxa, a Ancine e Hollywood. As Forças Armadas nunca vão deixar o bicho pegar. Mas há controvérsias. O Brasil é solar e não um cemitério. Volta a ser "proibido proibir"! Penso em Glauber baiano de boa cepa. Usando Maiakóvski e substituindo poesia por curta afirmo: "O curta - todo - é uma viagem ao desconhecido". O longa tem um início e um fim. O curta é infinito passando por Mauro, Chris Marker, Resnais, Santeiro, Joel Yamaji... Foram os curtas que me fizeram ignorando Embrafilmes, Ancines e outras merdas que estão por vir. Paro hoje por aí. Luiz Rosemberg Filho/Rô