Memórias 233 Sobre a QUEDA
À primeira vista o filme a "QUEDA" continuação de OS FUZIS parece um filme fácil apesar da sua complexidade na improvisação. Me lembro de ter vivido um pequeno papel de um engenheiro contracenando com o Lima Duarte. Logo que fui apresentado pelo Nelson Xavier, Lima me cumprimentou e disse sorrindo: " -Sei que você não gosta de mim! Ora -respondi- como posso não gostar de uma pessoa que eu tô conhecendo agora?" Voltou rindo falando: " - Sei que você não gosta das pessoas de televisão!" Voltei a confrontá-lo dizendo: -Eu não gosto do baixo uso que a TV faz das pessoas! Todos viram mercadoria de quinta! Mas você não está botando alguma grana nesse filme do Ruy e do Nelson? Você pega com uma mão e dá com a outra. Só posso te respeitar!" Relaxou e riu. Seria bom que os bons Atores escolhessem os diretores para dirigi-los. Quem não iria de joelhos dirigir hoje Ari Fontoura, Analu Prestes, Tonico Pereira, Itala Nandi, Ana Abbott? São mais que atores, mas sonhos vivos aplicados aos seus personagens. São sim uma dimensão do humano além da razão! Um além substanciado por associações fechadas entre o encontro e o afeto, e compassadas entre o pensamento, o saber e o sonho. E num momento em que todos se dizem cineastas! Mas...poucos são poetas. O que é bem mais complicado pois não se confunde os fluxos! Como diz o filósofo: "A ideia de fluxo não é um conceito, basta olhar qualquer coisa que flui, o leite, o mijo, o esperma, o dinheiro é isso a realidade". E ser poeta com as imagens é sim uma virtude para poucos. E no lugar de esvaziar a consciência dos seres humanos como faz a TV, trabalha com a polidez da vida. Preenchendo as tantas ausências de essências com a leveza de preciosidades em forma de exercícios de intensidades e imagens. Imagens que Ruy e Nelson experimentaram na QUEDA sem roteiro algum. Luiz Rosemberg Filho/RÔ