Memórias 308 Da colagem as imagens
Da colagem as imagens em movimento muitos espaços e achados da política as artes plásticas passando pela sistema de comunicação. Sobre a mesa de trabalho vários momentos de olhares distintos. Da beleza feminina sempre como mercadoria a um político como representação do poder! Sobre os dois o recurso do recorte. Cortar cabeças. Cortar a imagem. Abrir no enquadramento a ser projetado outras imagens em movimento. Surge o cinema! E nele a trucagem com a colagem pensada e montada. Não estou descobrindo a roda, mas sim reflexões de um cinema pensado. Numa colagem fantasiosa descobrir a história de desdobramento da indústria bélica: a guerra! Ou mesmo a ritualização macabra do capital. Por exemplo: do lado esquerdo do quadro "As Meninas" de Velázquez. Do lado direito a bomba sobre Hiroshima. Foi ontem? Não. Segue sendo nos nossos dias! "As Meninas" estão imóveis como nós espectadores, só que ainda respirando. A sugestão visual é quebrar o espaço de encantamento do quadro e mesmo do espectador. E ao gerar uma só fissura no olhar, a contradição pode aflorar. E com ela a crítica possível das imagens e da história. Claro que Velasquez não pintou nesse sentido, mas tudo pode ser pensado e usado em função da história e a sua crítica pela via do cinema. É preciso tirar a sétima Arte do lugar comum só do entretenimento! Pode e deve ser mais coisas. Eu vejo muito isso no cinema do Godard, e no teatro do Brecht. Para concluir o trabalho com as colagens me tem sido muito útil nos curtas metragens onde faço e vivo mais experimentação sem a obrigação de acertar. Enfim, o cinema como vida evocando desordens amorosas, culturais e políticas. Um pouco sempre como vivi o fazer cinema: contra tudo e contra todos! Luiz Rosemberg Filho/RÔ