Memórias 316 Foram os curtas que me salvaram do vazio tropical e da salada russa do KAPITAL !
Todo cineasta sério se não perdeu, tem uma série de roteiros não filmados e nem por isso morreu. Resistiu aos mandos e desmando dos editais e da perversa burocracia. Eu tenho muitos. Os três últimos longas eram velhos roteiros jogados no fundo do armário. Num dado momento parei de escrever roteiros e graças ao queridíssimo Sergio Santeiro numa conversa não me lembro mais onde me disse: " -Você tem facilidade de filmar e fica anos querendo fazer longas! E que é na verdade um sacrifício. Por que você não faz curtas? Com essa tua facilidade você faz 1 por semana." Acertou! Mergulhei fundo de cabeça e fiz dezenas. Tá quase tudo no you tube, pois os boçais da burocracia desconsideram o valor dos Curtas na pontuação para se chegar aos longas. São criminosos! Se ninguém os condena, condeno-os eu! São sim podres e do mal. Conheço bem essa raça de ressentidos. Pena. Perde-se muito tempo com esse tipo de LIXO! Nos curtas encontrei uma LIBERDADE que só tive e vivi até o "CRÔNICA DE UM INDUSTRIAL", e depois nos curtas sobre o "DINHEIRO", "TRABALHO", "GUERRA", "ÉDIPO"... Fui com os curtas o que nunca chegaria nos longas. Claro que sempre fui e fiz experimentações não só com o cinema como com a própria vida. Imagina ir para o México só com 300 dólares e ainda voltar com 100! Praticamente fiquei lendo um livro que comprei com entrevistas do Orson Welles, falando com os jornalistas e comendo onde eu estava. Como vi que no Chile seria a mesma coisa não fui justificando com um problema no olho esquerdo o que me proibia e proíbe andar de avião. Foi o produtor e sua senhora que era atriz do filme. Não perdi nada! Isso pra quem é jovem pode ser uma. Mas para mim não mais. Prefiro ficar no Brasil montando projetos, lendo e conversando com os poucos verdadeiros amigos. Glauber na velha/jovem Europa me dizia que antes de me conhecer melhor,que eu parecia ser antipático, mas que ele gostava do meu cinema. Com críticas né? Ele não entendia minha amizade com certas pessoas, e eu dizia o mesmo para ele entre bons queijos e vinhos que eu sempre amei. Na verdade sempre fui meio estranho e nunca fiz questão de ser amigo de todo mundo. Amigos são poucos e longas idas e vindas. Mas foram os curtas que me salvaram do vazio tropical e da salada russa do KAPITAL! Luiz Rosemberg Filho/RÔ