Memórias 321 Sempre gostei muito dos planos longos

24.10.2018

Sempre gostei muito dos planos longos. O filme picotado pode fazer bem a velocidade no tempo e ao bolso do produtor. Mas é um velho conceito de televisão e mesmo de cinema. O plano longo absorve o tempo e faz sim pensar! Ajuda no entendimento do espectador. Portanto, o leva a pensar. É bom também para o bom ator que cresce com o tempo na interpretação. Ao reconstituir seus movimentos no corte, torna o plano mais humano ainda que muitas vezes estranho. Mas a estranheza pode servir ao distanciamento , tornando-o equivalente a muitas dúvidas. Também longas sequências como no cinema dos Straubs, me encantam assim como no cinema de Tarkovski e mesmo do Antonioni. Daí a importância de uma boa ideia e um bom roteiro que possibilitem um desdobramento de um novo olhar por parte de quem faz e de quem for ver: o espectador! Mas o pensamento conservador insiste em fazer do nosso cinema, uma xerox do cinema do ocupante. Mesmo diante dos produtores, festivais e dos exibidores devemos não ter uma identidade própria, nossa! Transgressão então, nem pensar. A ordem e o dever é imitar o cinema/espetáculo do outro para satisfazer o desejo de grande parte dos produtores e da nossa própria crítica. Mas uma pergunta: nossas incertezas são iguais? A nossa intimidade é a mesma? O mundo do cinema digital tenta igualar tudo por baixo na inautenticidade da produtividade em quantidade e rápido como se fosse uma competição esportiva onde se tem sempre que ganhar! Perdeu, virou bagaço. E na hipertrofia dos resultados com as imagens empobrecidas uma indiferença pelo saber. E na depressividade do fracasso a traição como recurso. Se queixar a quem, ao bispo? O que precisamos é de estudo, maturidade e saber! Fundamentalmente de uma nova DEMOCRACIA! Ou seja, que se volte a pensar na nossa liberdade criativa e criatividade perdida! De inumanidade já estamos bem servidos na política. Começando pela hipocrisia daqueles que tomaram o poder de 55 milhões de votos nas urnas! Afinal de contas estamos numa DEMOCRACIA ou numa zona? E atribuo isso à nossa frágil construção de uma verdadeira DEMOCRACIA! Pena. Luiz Rosemberg Filho/RÔ