Memórias 344 Para o povo do Nordeste que não votou no fascismo

31.10.2018

Felizmente o processo de construção de uma ideia, um roteiro e mesmo um filme para os que ainda pensam é pura subjetividade. Como num gesto de paixão nada precisa ser explicado. Tudo vai acontecendo sem limites ou proibições. Enfim, desejar sem poder é sim uma desconstrução de certezas. Muitas vezes filmei sem saber direito o resultado final. E muitas vezes também mudei o rumo final do filme por falta de dinheiro. Cinema sem dinheiro é sim um exercício sobre o HORROR! Uns sobrevivem, outros não. Mas como ser diferente num mundo tão hostil, arrogante e mentiroso? Um mundo que odeia o PENSAMENTO e a CRIAÇÃO. Infelizmente mais próximo da TV que da imaginação. E a TV é para o cinema, a morte! Me refiro a TV aberta, lixo de ponta a ponta! Fundamentada na técnica do vazio forma um exército de convencidos autoritários especialistas nos pentelhos do capital. Lógica globalizada dos sistemas políticos existentes.Tremem de medo quando se fala em desconstrução da narrativa. Os sanguessugas são especialistas em novelinhas e novelões. Os ideais da juventude viraram suas férias em Las Vegas! Bem-sucedidos na picaretagem arrotam seus encontros no exterior com Vermeer ou Kandinsky e até mesmo com Bukowiski mesmo já estando morto e nunca tendo sido lido.. É o mesmo que o tal do idiota que não gosta de ler nem de escrever e assina como roteirista. Num país em que um ser menor como Bolsonaro vai para segundo torno nas eleições presidenciais, compreende-se! Ou seja, tudo vai virando meio que ficção-barata! Mas num país dominado por uma mídia baixa e criminoso por que se esforçar para conhecer a HISTÓRIA? Segundo a salvação religiosa tudo se sabe e se resolve pela TV do azul marinho. O saber não pertence mais ao domínio da história, e sim ao capital. Servil a quantidade sem o pensamento vive-se um processo permanente de regressão à barbárie. Enfim, o que se pode esperar de um mundo tão vagabundo? Aqui hoje na ficção raro são os filme delicados e corrosivos como "O BANQUETE". Pode não se gostar mas com argumentos mais sólidos. Triste ver o pensamento em pedaços ou mesmo despedaçado por frustrações pessoais. Que civilização do boi, da bala e da bíblia é essa? (P/ o POVO DO NORDESTE que não votou no fascismo) Luiz Rosemberg Filho/Rô

Povo do Nordeste