Memórias 379 Nosso "BOBO"

06.01.2019

Falar sobre o atual Brasil, é sim uma indigesta missão. Tanto pela obscuridade reinante, como pela dor da traição a vida. O pessimismo diante do país é enorme pois não acredito em milagres. Refugio-me nos livros, nos sonhos e no nosso "BOBO DA CORTE". E sem ilusão alguma! Nunca vi nosso país tão baixo e odiado. Para ir um pouco mais além como sair dessa arapuca da demência política? Vivemos todos entre a melancolia e o desânimo. Observando o texto e as imagens do nosso "BOBO DA CORTE" redescubro a força poética da experimentação entre o personagem, um trono, uma vela queimando na escuridão, um urubu e um espelho que treme pelo país. O único personagem é só um rejeitado como muitos "triunfantes" no poder. Sabe que seu mundo já não existe mas insiste pois segue sendo poder! Digamos o poder dos incapazes. E entre eles o dinheiro, a traição e a morte. Fala da política como uma encenação cômica e permanente do ódio e da revolta. Mas é política ou show para as imagens? Virou isso a política? Agonizante e ainda raivoso o BOBO não rompe sua máscara. É o eterno escravo trancafiado na dependência de um rei só representado por um trono vazio dentro da noite. O filme exibe sim uma cicatriz exposta da nossa miséria política. E a demonização da história respondemos com criatividade e poesia pois não somos coveiros da revolta nem do saber. Isso interessa mais a política e ao atual poder. Onze anos com o texto sempre pensado e próximo. Sempre o quis filmar, mas convenhamos que não é um filme para o Oscar, pois é bem melhor que essa bosta de premiação. Nunca fui macaca de auditório dessa festa do cinema patronal para o mercado de aberrações. Nosso "BOBO" não é um trabalho de aparência vazio para ressuscitar o conceito de espetáculo dos patrões/traíras. É um míssil na arte do saber a estabelecer alegorias pensantes. Ultrapassamos todos os limites da ousadia trazendo nas palavras a história da história de muitos países do Continente. E não adianta pintar o sol de vermelho pois isso só solidifica o atual culto ao Burrismo! Desejo ao filme bons pensamentos e obrigado a pequena/grande equipe pois valeu fazê-lo sem ego, truculência e traíras. (P/ Joana Collier) Luiz Rosemberg Filho/RÔ

Joana Collier