Memórias 399 O último bom filme que gostei

26.01.2019

Acho que o último bom filme que gostei de ver foi o documentário sobre Maria Callas. Vi tantos bons filmes ao longo da vida que não vejo mais qualquer filme ou mesmo o cineminha mais ou menos. A presença do cinema na minha vida é sim uma imersão profunda no saber e no universo das dúvidas. Ou seja abrangente! Já fazer é sim um conceito ainda mais amplo. Pode parecer fácil pois foi tomado pelo burrismo, e ainda assim o cinema/pensado cria novos caminhos pedindo compreensão as suas próprias contradições sempre na busca de novas linguagens. E se o obscurantismo serve ao cinema de mercado, de nada serve ao cinema de invenção. Também concordo que o acesso a invenção exige uma compreensão mais larga e profunda do saber. Claro que os governos de 64 e dos dias de hoje 2019, nunca gostaram pois não entendem mesmo o risco como postura e liberdade. Menos ainda o gozo subjetivo a ser vivido intensamente. Digamos que a política é estéril e só trabalha com o seu próprio LIXO! Já a investigação da convive com o desconhecido. Ou seja, não lida com "belas, recatadas e do lar", mas com a liberação dos sonhos proibidos. Sem dúvida é uma investigação bem mais profunda pois lida com a transparência do processo criativo: aprendemos com os filmes dos amigos a reassumirmos as analises anteriores de Machado, Qorpo-Santo, Oswald de Andrade, Glauber...e cuja tarefa fundamental foi fazer avançar o saber, demonstrando abertamente um Brasil possível como atitude e respeito. Cabe a nós agora tornar visível um outro país além do ódio ao pensamento, a cultura e ao saber. Não é o único objetivo a ser trilhado mas é o nosso! Fazer do cinema uma presença afetiva, respeitosa, política e histórica privilegiando claro o estudo, o saber e os bons encontros ainda possíveis. E sem traíras né? Mesmo por que o vulgar, o grosso e o comum não servem explicitamente a nada na experimentação. O idiota que quer ter no seu currículo 1000 filmes não passa de um burro sem historicidade alguma a oferecer, pois só investiu na quantidade e não na qualidade que lhe demandaria o PENSAMENTO! Já trabalhei com esses elementos sem a presença alguma do saber. Entram na onda e vão! São explicitamente os surfistas do não-saber pensar. Sai fora né? Luiz Rosemberg Filho/RÔ